domingo, 27 de janeiro de 2019

"Ao Relento"


Composição no1009
AO RELENTO
(R.Candeia - 19/11/2018)
Na noite tudo se esquiva, tudo te mira
E nas gírias e gestos descobrem loucuras
E não há bravura que nos impeça
So pra otários que interessa a tortura
Eu rindo revoltado do rebanho estulto
Sempre escuto frases obtusas
Tendo como musa a propria desgraça
Que trabalha de graça e da honra abusa
A cada gole a ressurreição é explicada
E da calçada vejo vivos pesadelos
Me arrepiando pelos pelo corpo inteiro
No instinto verdadeiro consigo esquece-los
Em cada destino um ensaio diferente
Na nossa frente um universo vasto aberto
Palavras vem ao certo nos desorientar
So conseguimos respirar com coração esperto
E na lucidez bêbada de incertezas
Qualquer pureza na entrega fascina
Nessa piscina funda de acontecimentos
Tudo ao relento sempre ensina

"Alegria Estranha"


Composição n° 1008
ALEGRIA ESTRANHA
(R.Candeia - 14/10/2018)
Nessa passagem dos dias
No calor das mentes frias
Toda essa autópsia ambulante
Nosso purgante da mente vazia
Onde está o senso de direção
Na mesma mão pistola e guitarra (?)
O horror escarra tanta abominação
O solo nao liberta, agora so amarra
E o palco vira algo segregador
Qualquer dor se transforma em piada
Será que a revolução se conservou?
A estrada livre virou uma ruela tapada
As letras foram mortas pelas palavras
Vício triste de nao se reconhecer
Tupiniquins louvando o colonizador
Alegria estranha pelo padecer
Nada importa na cegueira instaurada
Entram na cilada como se fosse entranha
E vejo a tamanha pequenez espandindo
E assim vão se iludindo nessa alegria estranha

"Torpor"



Composição n° 1007

TORPOR
(R.Candeia - 27/09/2018)
O papo na esquina
Quina me fere, eu firo
E me refiro a realidade
Não há vaidade que prefiro
Será que eu tenho dignidade
O futuro é a bondade que não nasceu
Me perco daquilo que já fui
E isso exclui o que sou eu
Me deparo apenas com as paredes
Onde está a minha sede de amor
Sinto dissabor agora quando escrevo
E até me atrevo a entender esse torpor
Os latidos somem dos meus ouvidos
Nos jornais lidos apenas notícias agora
E a hora não é mais de atrasar os ponteiros
Os dias não serão mais inteiros
(Quando minhas horas forem embora)

"Irradiação"



Composição n° 1006
IRRADIAÇÃO
(R.Candeia - 25/09/2018)
Buscar questões
Adequações que me dê o viver
E saber ser o meu máximo
E no próximo passo poder andar
O espelho não me anima hoje
Porque ele me diz tudo que preciso ouvir
A imagem que passa pra mim mostra
Aquilo que acabei resolvendo ser
Jogando tesouros no mar
Ferindo anjos que so querem guardar
Toda fortaleza que se encontra rachada
Ignoro a fachada em busca da verdade
A vaidade cega desmonta o que era de aço
E envolta dos meus braços somente o ar
Que me estrangula abalando pilares
Pra que tantos males se pode emanar?
Procurar a si mesmo nessa cilada
Não consigo achar onde me perdi
Fora de mim a sintonia é péssima
E causa ao mundo tremenda irradiação

domingo, 16 de setembro de 2018

"Solstício"



Composição nº 1005

SOLSTÍCIO
(R.Candeia - 13/09/2018)

Na foto ilusória repentina
Numa sina que confunde a realidade
Veio todo alarde, numa falsa confusão
Na melhor fusão não pode haver sobriedade
Oh, sinceridade

Na folha arrancada que foi notada
A descoberta de uma dedicatória cheia de palavras
Folha amassada, prova apagada
Mas fato entregue pela distração
Da observação

Minha intuição é feminina, alma de menino
Corpo de homem com instinto
Num labirinto poético/profético de percepção, que quer
Ter essa verdade, novidade
Em construção

E as poesias se esbarram, se procuram à noite
Num ato adventício, e começa um novo solstício
Nesse nosso hospício de cada dia
E não, não é nada mentira
Tanto palavras como o que meu olhar diz e dizia

sábado, 25 de agosto de 2018

"Leitura"


 Composição nº 1004


LEITURA
(R.Candeia - 25/08/2018)

Ansiedade jogada no lixo
Esperando o que os dias possam dar
Tendo que quebrar paradigmas
Nadando em rimas pra não se afogar

Exalando o cheiro da ideia
Dando sempre forma a energia
Numa escultura etrusca
Onde toda busca não emergencia

No olhar o degradê em mel
Mas no pensamento o fel que reduz a pressa
E nessa tempestade bela
O claro feito vela ao vivo se expressa

E quando o fim da noite cai
Tudo loucamente vai pro seu lado
Corpos e mentes guardam tudo pra si
E a esperança de ter o urso hibernado

                      

domingo, 5 de agosto de 2018

"Ninguém Está a Salvo"



Composição n° 1003

NINGUÉM ESTÁ A SALVO
(R.Candeia - 05/08/2018)

Ninguém está a salvo
Esquinas se cruzam como olhares
Enganando radares com loucas surpresas
E viramos presas bem peculiares

Ninguém está a salvo
Somos o alvo a esmo desfilando
E destilando momentos de vida
Olhando aquela ferida fechando

Ninguém está a salvo
No cigarro fumado os estilhaços
Daquela vidraça antiga que não reflete mais
E que refaz os meus passos

Ninguém está a salvo
Estigmas devem ser derrotados
O mundo armado nos afronta
Numa pronta jogada de dados

Ninguém está a salvo
Olhares não tristes e compenetrados
Mundos exilados pelo seu redor
Ignorando o odor do que já fui perfumado